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Foto do escritorRyan Santos

SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM E A EPIDEMIA DE BURNOUT NO PERÍODO PANDÊMICO DA COVID-19




RESUMO


O artigo examina a saúde mental dos profissionais de enfermagem durante a pandemia da COVID-19, abordando os desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde e os impactos psicológicos e emocionais enfrentados pelos profissionais de enfermagem. Estudos revelam níveis significativos de burnout e medo entre esses profissionais, evidenciando a tensão sob a qual trabalhavam. Além disso, são discutidas as implicações do burnout na vida pessoal, ressaltando a necessidade de abordagens holísticas para promover seu bem-estar. Portanto, são sugeridas estratégias como apoio psicológico e melhorias nas condições de trabalho, visando mitigar seus efeitos nocivos.


Palavras-chave: Epidemia; Burnout; Saúde Mental; Profissional de Enfermagem; Covid-19.










Figura 1 - capa do livro "Sentimentos da Pandemia - Vozes da Enfermagem" publicado pela SidEnfermeiros do Distrito Federal em 2021



O início da pandemia da Covid-19 no Brasil foi marcado pelo primeiro caso confirmado em São Paulo, seguido por um aumento gradual de casos. Em março de 2020, medidas inéditas foram implementadas, como o fechamento de escolas e restrições de viagem, gerando desafios econômicos e políticos. Durante a pandemia, a dependência da população brasileira em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS) foi evidenciada por pesquisas recentes. O SUS enfrentou uma sobrecarga significativa devido à rápida disseminação do vírus, especialmente em áreas densamente povoadas, com cerca de aproximadamente 70% da população dependendo dele como principal fonte de assistência à saúde (Toescher, A, et al, 2020; Paula, P, 2021).


No contexto desafiador da pandemia, a saúde mental da população em geral foi profundamente afetada por perdas dolorosas e incertezas. A escassez de recursos científicos, a pressão sobre os profissionais de saúde e a necessidade de decisões rápidas sobrecarregaram ainda mais, contribuindo para o esgotamento físico e mental. Essa carga emocional se estende intensamente aos profissionais de saúde na linha de frente, enfrentando jornadas extenuantes e condições estressantes que afetaram tanto o desempenho físico quanto o bem-estar mental.


Um estudo realizado com profissionais de enfermagem da linha de frente de dois hospitais em Wuhan, China, durante o auge da pandemia, oferece uma visão detalhada dos impactos psicológicos e emocionais enfrentados por esses profissionais. Os resultados revelaram que os profissionais de enfermagem enfrentavam níveis moderados de burnout e altos níveis de medo, refletindo a tensão constante e a pressão sob as quais estavam trabalhando. A exaustão emocional foi uma das principais manifestações do burnout entre eles, com mais da metade relatando níveis moderados a altos de exaustão. Além disso, a despersonalização, uma forma de desconexão emocional do trabalho e dos pacientes, também foi observada em uma porção significativa. Esses sintomas não apenas comprometem o bem-estar individual, mas também têm o potencial de afetar negativamente a qualidade do atendimento prestado aos pacientes (Soares, J, et al, 2022). O gráfico abaixo apresenta os principais resultados relacionados ao nível de burnout, medo, condição física e disposição para o trabalho do estudo:



Figura 2 - Gráfico que representa visualmente os fatores estressores relatados

Fonte: Produzido pelo autor.



Os resultados mostraram uma correlação significativa entre problemas de saúde mental e falta de autoeficácia, resiliência e suporte social, destacando a importância de abordar não apenas os sintomas do burnout, mas também de implementar medidas que fortaleçam a capacidade de enfrentamento e promovam o apoio entre os profissionais de saúde. O Burnout é um desafio que afeta não só o ambiente de trabalho, mas também outras áreas da vida, causando exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. Esses sintomas podem comprometer a qualidade do trabalho, a produtividade e a segurança, representando uma ameaça para a saúde organizacional e a satisfação no trabalho (Soares, J, et al, 2022).


Contudo, os efeitos insidiosos da Síndrome de Burnout não se limitam ao ambiente profissional. O estresse crônico e a exaustão emocional podem se infiltrar na vida pessoal dos indivíduos, afetando seus relacionamentos, sua saúde física e seu bem-estar geral. A incapacidade de se desligar do trabalho, a falta de energia para participar de atividades recreativas e o aumento da irritabilidade podem minar a qualidade de vida e a felicidade dos afetados. Mais do que isso, a despersonalização característica do Burnout pode criar uma barreira entre os indivíduos e entre suas conexões sociais, levando à alienação e ao isolamento emocional. O distanciamento das relações interpessoais significativas pode agravar ainda mais os sentimentos de solidão e desconexão, contribuindo para um ciclo de sofrimento emocional e deterioração do bem-estar mental (Paula, P, 2021).


Intensificada pela pandemia, a Burnout foi notada como preocupação entre as equipes de saúde, em especial por aqueles que lidaram com a linha de frente. Conforme indicado por pesquisa do Conselho Federal de Enfermagem em 2020, a elevada incidência de Burnout entre profissionais de enfermagem destaca a urgência em abordar os desafios enfrentados por estes profissionais. Independentemente de atuarem na linha de frente ou não, a natureza exigente e muitas vezes estressante do trabalho na área da saúde — especialmente intensificada durante a pandemia — contribui significativamente para o esgotamento. Para abrandar esse problema, é crucial implementar estratégias que visem a promoção da saúde mental, incluindo apoio psicológico, treinamento em gestão de estresse e melhorias nas condições de trabalho.


Portanto, investir em pesquisa contínua para compreender as causas da Síndrome de Burnout é crucial para desenvolver estratégias eficazes e personalizadas. Uma abordagem holística, considerando fatores individuais e sistêmicos, é essencial, com políticas de saúde e instituições de ensino desempenhando um papel vital na criação de ambientes que valorizem o bem-estar dos profissionais de enfermagem. O Ministério da Saúde e outras instituições líderes no setor podem promover programas de suporte psicológico. Propostas como a promoção do equilíbrio entre vida profissional e pessoal e o reconhecimento do papel crucial desses profissionais podem fortalecer tanto a saúde mental quanto a qualidade dos cuidados de saúde prestados (Dalbosco, E, et al, 2020).







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] DAL’BOSCO, E. et al. Mental health of nursing in coping with COVID-19 at a regional university hospital. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, p. e20200434, 2020.


[2] HUMAREZ, Dorisdaria. Burnout em Profissionais de Saúde é um dos Efeitos da Pandemia. COFEN, 2021. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/burnout-em-profissionais-de-saude-e-um-dos-efeitos-da-pandemia/. Acesso em 24 de out 2023.


[3] PAULA, Patrícia. 71% dos Brasileiros têm os Serviços Públicos de Saúde como Referência. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/71-dos-brasileiros-tem-os-servicos-publicos-de-saude-como-referencia/. Acesso em: 01 out. 2023.


[4] RAMOS, Toescher; et al. Saúde Mental de Profissionais de Enfermagem Durante a Pandemia da COVID-19. Escola Anna Nery, v. 24, n. spe, p. e20200276, 2020.


[5] PERNICIOTTI, Patrícia; et al. Síndrome de Burnout nos Profissionais de Saúde: Atualização sobre Definições, Fatores de Risco e Estratégias de Prevenção. Rev. SBPH,  São Paulo ,  v. 23, n. 1, p. 35-52, jun.  2020.


[6] SOARES, J. P. et al. Fatores associados ao burnout em profissionais de saúde durante a pandemia de Covid-19: revisão integrativa. Saúde em Debate, v. 46, n. spe1, p. 385–398, 2022.





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