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Foto do escritorEnzo Santos

Polarização, a mais nova ferramenta da Nova Ordem Mundial

As décadas de dois polos 


O conflito entre Israel e Palestina é uma complexa questão, enraizada nas margens do Mediterrâneo, marcado por décadas de tensões históricas e disputas territoriais; além de  divergências culturais e religiosas. Situado no Oriente Médio, este embate envolve dois povos, os judeus e os árabes, que reivindicam direitos históricos e territoriais sobre uma região geograficamente estratégica.


A criação do Estado de Israel, em 1948, é advinda do movimento contra a perseguição e genocídio dos europeus ao povo israelense, principalmente, durante a Segunda Guerra Mundial, período no qual, as hostilidades foram intensificadas, dando origem a uma série de guerras, confrontos e negociações que perduram até os dias atuais. As disputas em torno de Jerusalém transcendem fronteiras geográficas, abrangendo questões políticas, culturais e religiosas profundas. A compreensão desse impasse requer uma  análise sensível e equilibrada das narrativas históricas de ambas nações.


Mapa do território israelense ao decorrer do século XX


Contudo, muitas pessoas se adiantaram e se apropriaram de posições sobre o assunto, e asseguraram-se de que suas opiniões são, necessariamente, a verdade. Este pensamento desencadeou uma série de debates e dissidências ideológicas ao redor do mundo, algo que induziu diversos países a tomarem partido sobre a corrente guerra entre a organização política e militar, Hamas e o Estado de Israel. Essa série de decisões acarretaram na polarização do atual cenário político global.


O que é e como surgiu a polarização?


A palavra “polarização” vem da palavra polos, que significa “cada um dos extremos de um eixo”. Justamente por conta dessa conotação de oposição, o termo tornou-se amplamente utilizado na política.


Entretanto, esse fenômeno social foi naturalmente adotado pela sociedade. Nos primórdios da civilização, uma das formas mais úteis de preservar a si mesmo, era se juntar a outros indivíduos, formando grupos. Assim, atividades como a caça, alimentação e defesa contra predadores tornaram-se mais práticas de serem executadas. Todavia, esse tipo de agrupamento requer um preço que, neste caso, é ceder sua individualidade, aceitando as crenças, práticas, normas e ideias do bando em que está inserido.


É passível de se dizer então que os Homo Sapiens foram “programados” para viverem em turbas e passarem por adaptações, obtendo a capacidade  de fazer parte dela. Por essa razão, os seres humanos da atualidade se sentem mais confortáveis em conviver com espécimes que pensem similarmente ou igualmente a eles. Essa tendência fez com que celeremente surgissem diversos grupos e divisões, gerando então o famoso evento da polarização política.

Na política, o significado de polarização está relacionado a uma divisão do corpo social em polos, que representam posições divergentes sobre um determinado tema. Tal processo pode ocorrer em diferentes níveis, seja entre indivíduos, grupos sociais ou partidos políticos. Porém, a palavra tem sido usada de modo negativo, uma vez que passou a se referir a disputa entre dois grupos que não estão dispostos ao diálogo.


Quais os prejuízos causados pela polarização?


Uma pergunta comum seria: Por que a polarização seria um problema? No conceito da democracia, que têm como um de seus fundamentos a não aquisição do poder por meio da violência, mas sim pela proposição de ideias e o debate coletivo, é necessário tolerância e diálogo. Entretanto, quando há excesso de polaridade, essas discussões raramente acontecem, tendo que ambas as partes, comumente, desacreditem da veracidade da argumentação da outra. Fatores como mídia, redes sociais e lideranças políticas podem contribuir para a intensificação desse fenômeno, criando uma atmosfera de hostilidade e desconfiança entre os diferentes grupos.


Metáfora sobre dialogar visando apenas danar o outro lado, polarização


Ou seja, no caso de dois grupos, com pensamentos completamente dissimilares, qualquer opinião advinda “do outro lado”, automaticamente,  passa a ser vista como inválida ou néscia, transformando-se praticamente inviável que se encontre um caminho viável para ambos.


A polarização, por muitas vezes, resulta em uma visão de mundo simplificada e dicotômica, onde questões complexas são reduzidas a escolhas binárias. Este evento pode impactar negativamente o diálogo construtivo, minando a cooperação e a busca por soluções equilibradas, e, em última instância, comprometendo a estabilidade e a coesão social. 


Como estão usando a polarização para te manipular


Os algoritmos desempenham um papel fundamental no ecossistema digital, sendo responsáveis por determinar quais conteúdos alcançam cada indivíduo. Os temas e informações apresentados são selecionados cuidadosamente com base nos posicionamentos, e na visão de mundo específicos de cada usuário. 


Contudo, esse processo conduz à formação de “bolhas”, onde cada pessoa é predominantemente exposta a opiniões, notícias, artigos, vídeos e imagens que corroboram com suas próprias crenças. Infelizmente, perspectivas alternativas têm uma chance mínima de penetrar nessas “bolhas”, contribuindo para a limitação da diversidade de informações e o reforço de visões unilaterais.

Aliado a essa estratégia, sabe-se que quanto pior o “inimigo”, mais justificável a infração de regras e leis se torna. Estudos recentes, realizados pela Folha de São Paulo, mostram, inclusive, que a ascensão de líderes populistas e arbitrários, ou seja, que têm pouco apreço às normas democráticas e às limitações de poder, podem ser, por muitas vezes, azada da eficiência deste fenômeno.


A crescente polarização é promovida por aqueles que são favorecidos por ela: Políticos, partidos e grupos ideológicos se alimentam do descontentamento, ignorância e intolerância para terem maior adesão das grandes massas. Afinal, medidas extremas têm maior chance de aceitação quando se vê o outro grupo como um inimigo perigoso que é preciso eliminar, ao invés de um concorrente no debate que, por outros meios, também busca uma solução para o problema.


Referências:

livro - “Biografia do abismo”

livro - “Como as democracias morrem”








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