O Dia Internacional da Biodiversidade, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), ressalta anualmente a importância da diversidade biológica e a urgência da proteção dos ecossistemas em todo o mundo. Entretanto, apesar dos esforços, os impactos das atividades humanas, especialmente as mudanças climáticas, persistem como ameaças à rica biodiversidade brasileira.
O clima desempenha um papel crucial na distribuição das espécies em nosso planeta, moldando suas características ao longo de milhares de anos. Contudo, as ações humanas, como desmatamento, queimadas e poluição, exacerbam os desafios enfrentados pelos ecossistemas naturais. Além disso, os efeitos previstos das mudanças climáticas, tais como alterações nos padrões de temperatura e precipitação prometem gerar consequências ainda mais graves, forçando as espécies a se adaptarem ou migrarem para ambientes mais propícios.
Atualmente, os ecossistemas marinhos, de água doce e terrestres em todo o mundo já estão sendo afetados pelas mudanças climáticas. E como resultado, os benefícios que a natureza oferece à humanidade estão diminuindo, ameaçando o desenvolvimento sustentável.
Figura 1 - Incêndio florestal intenso.
Mas o que são exatamente as mudanças climáticas? De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), elas referem-se a alterações de longo prazo nas temperaturas e padrões climáticos do planeta, que são impulsionadas principalmente pelas atividades humanas desde o século XIX.
As causas das mudanças climáticas são tanto naturais quanto humanas. Enquanto fenômenos como variações no ciclo solar e erupções vulcânicas contribuem para as mudanças climáticas, as atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, a geração de energia a partir desses combustíveis e o desmatamento, emergem como os principais impulsionadores dessas mudanças.
A ONU enfatiza que a geração de energia a partir de combustíveis fósseis é motivo de preocupação. De acordo com a organização, "A maior parte da eletricidade ainda é gerada pela queima de carvão ou gás, que produz dióxido de carbono e óxido nitroso, potentes gases de efeito estufa que cobrem o planeta e retêm o calor do Sol”.
No Brasil, as consequências das mudanças climáticas na biodiversidade são evidentes. Espécies estão sendo deslocadas e algumas correm o risco de extinção devido às mudanças em seus habitats naturais. O recente aumento das emissões de gases de efeito estufa e os eventos climáticos extremos, como as secas recordes na Amazônia e as inundações no Sul, destacam a urgência de ações para mitigar esses impactos.
Atualmente, os níveis de gases de efeito estufa atingiram seu ponto mais alto em dois milhões de anos, com as emissões ainda em constante aumento. Isso contribuiu para um aumento de 1,1 graus Celsius na temperatura da Terra desde o final do século XIX, conforme relata a ONU.
As mudanças climáticas têm exercido um impacto significativo em todas as regiões do Brasil, desencadeando uma série de eventos climáticos extremos e alterando os padrões climáticos tradicionais. Essas mudanças são evidentes em cada canto do país, desde a Amazônia até o Pantanal, do Nordeste ao Sul, e estão exacerbando os desafios já existentes e ameaçando a biodiversidade única e os meios de subsistência das comunidades locais.
Figura 2 - Quadro com os principais impactos das mudanças climáticas nas regiões brasileiras.
Na Amazônia, o impacto das mudanças climáticas é alarmante. Aumentos nas temperaturas médias e mudanças nos padrões de chuva estão levando a secas mais frequentes e prolongadas, resultando em incêndios florestais devastadores e desmatamento acelerado, colocando em risco a diversidade de espécies vegetais e animais únicas da região. Além disso, o desmatamento contínuo e a conversão de áreas florestais em terras agrícolas contribuem para a perda de habitat e a fragmentação dos ecossistemas, dificultando ainda mais a sobrevivência de espécies endêmicas. A Amazônia desempenha um papel crucial na regulação do clima global, e sua destruição tem repercussões não apenas para o Brasil, mas para todo o planeta.
Figura 3 - Desmatamento na Amazônia: Emissões alarmantes de CO2.
O Pantanal, a maior planície alagada do mundo, também está enfrentando os impactos das mudanças climáticas. As secas mais frequentes e prolongadas estão levando a incêndios de proporções alarmantes, que destroem habitats e causam danos irreparáveis à fauna e flora únicas desse ecossistema. Espécies como onças-pintadas, capivaras e jacarés estão sob sérias ameaças à sua sobrevivência devido à destruição de seus habitats naturais.
No bioma da Mata Atlântica, as mudanças climáticas estão exacerbando os problemas de fragmentação e degradação ambiental causados pela urbanização e expansão agrícola. A elevação das temperaturas e a redução das chuvas estão impactando diretamente a disponibilidade de água e nutrientes, afetando as espécies vegetais e animais que dependem desse ambiente para sua sobrevivência.
Na Caatinga, bioma característico da região Nordeste do Brasil, as mudanças climáticas estão agravando os problemas de desertificação e degradação do solo. As secas prolongadas e as temperaturas extremas estão reduzindo drasticamente a disponibilidade de água e afetando a sobrevivência de espécies adaptadas a condições áridas. Muitas plantas e animais endêmicos da Caatinga estão enfrentando sérias ameaças à sua sobrevivência devido à perda de habitat e à escassez de recursos naturais.
No Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro, as mudanças climáticas estão provocando alterações nos padrões de chuvas e na sazonalidade, prejudicando a vegetação típica de cerrado e cerradão. Incêndios florestais, períodos de secas prolongadas e o avanço da atividade agrícola estão colocando em risco a biodiversidade única deste bioma, que abriga uma vasta gama de espécies de fauna e flora, incluindo muitas em risco de extinção.
O Pampa, situado na região Sul do Brasil, também está sendo prejudicado pelas mudanças climáticas, com o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas e inundações. Essas condições climáticas adversas estão representando uma ameaça à biodiversidade característica deste bioma, que abriga espécies de animais como o veado-campeiro e o lobo-guará, além de uma variedade de plantas herbáceas e arbustivas.
Além disso, as mudanças climáticas estão afetando os ecossistemas marinhos brasileiros, incluindo recifes de coral, manguezais e áreas costeiras. O aumento da temperatura da água do mar, a acidificação oceânica e o aumento do nível do mar estão prejudicando a biodiversidade marinha, colocando em risco espécies como peixes, tartarugas marinhas e golfinhos.
Figura 4 - Da floresta ao oceano: a transformação do CO2 e seu impacto ambiental.
Em conclusão, a conservação da biodiversidade e a gestão sustentável dos ecossistemas são fundamentais para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. É crucial que as organizações assumam a liderança nesse esforço, adotando medidas que não apenas impulsionem o crescimento econômico, mas também garantam a preservação ambiental. Se persistirmos no curso atual, os estragos serão devastadores, afetando não apenas o meio ambiente, mas também a saúde, a economia e a sociedade como um todo. Diante disso, cabe a nós refletir: podemos realmente nos dar ao luxo de ignorar os sinais urgentes da natureza e continuar no mesmo caminho insustentável?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] WWF Brasil. O que sabemos sobre a biodiversidade e as mudanças climáticas no Brasil. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?65562/O-que-sabemos-sobre-a-biodiversidade-e-as-mudancas-climticas-no-Brasil. Acesso em: 11/04/2024.
[2] National Geographic Brasil. Mudança climática: o que é, como é causada e o que você pode fazer para revertê-la. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2022/10/mudanca-climatica-o-que-e-como-e-causada-e-o-que-voce-pode-fazer-para-reverte-la. Acesso em: 11/04/2024.
[3] STCP Consultoria. Biodiversidade e as mudanças climáticas. Disponível em: https://www.stcp.com.br/artigos/biodiversidade-e-as-mudancas-climaticas/. Acesso em: 11/04/2024.