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Optogenética: O Poder da Luz na Cura de Doenças Neurológicas

  • Maria Eduarda
  • há 21 horas
  • 4 min de leitura

Já imaginou controlar o funcionamento do cérebro com a precisão de um interruptor de luz? Embora pareça ficção científica, a optogenética transforma essa ideia em realidade. Essa tecnologia inovadora está revolucionando a neurociência e oferecendo novas perspectivas para o tratamento de doenças como Parkinson, Alzheimer e cegueira hereditária.


O que é a Optogenética?


Pense no cérebro como uma orquestra, onde os neurônios são os músicos e os impulsos elétricos são as notas musicais. Quando a sinfonia está bem coordenada, tudo funciona harmoniosamente. No entanto, quando alguma parte da orquestra desafina, podem surgir doenças neurológicas. A optogenética atua como um maestro que, por meio de pulsos de luz, consegue restaurar a harmonia, ativando ou desativando neurônios específicos para corrigir falhas no funcionamento cerebral.


Essa tecnologia combina a luz com a engenharia genética para moldar a atividade neural, permitindo um controle extremamente preciso sobre as funções cerebrais.


Princípios básicos


Antes de entender o funcionamento da optogenética, é essencial compreender três conceitos fundamentais:

  1. Cérebro - ele é o centro de comando do corpo humano, processando informações e coordenando funções vitais, assim como um processador em um computador.

  2. Neurônios - as células nervosas que transmitem sinais elétricos e químicos, permitindo que sintamos, pensamos e nos movamos.

  3. Íons - partículas eletricamente carregadas que viabilizam a comunicação entre os neurônios, funcionando como mensageiros bioelétricos.


Se nosso cérebro é um sistema operacional complexo, a optogenética funciona como um “atualizador de software”, permitindo que cientistas ativem ou inibem neurônios com precisão.


Como funciona a optogenética?


Os neurônios transmitem informaçõespara o nosso cérebro, e essas informações são captadas e repassadas pelos impulsos elétricos dos íons. A partir da atividade da carga elétrica dos íons, ocorrem alterações de frequências internas ou externas, e, então, o controle neural pode ativar ou inibir essas atividades a partir da luz.


É assim que o nosso cérebro lembra de alguma tarefa que iríamos realizar, momentos vergonhosos e lembranças de quando éramos crianças.


Dessa forma a optogenética utiliza uma proteína que seja sensível à luz chamada de opsina. E essa sensibilidade à luz é responsável pela alteração do comportamento dos neurônios que foram atingidos.


FIgura 2 - Esquema mostrando os canais iônicos com mais detalhes - Fonte: Czapiński et al. (2017), https://doi.org/10.3389/fchem.2017.00012.
FIgura 2 - Esquema mostrando os canais iônicos com mais detalhes - Fonte: Czapiński et al. (2017), https://doi.org/10.3389/fchem.2017.00012.

A opsina que tem tido mais destaque é a Canalrodopsina (ChR2), que é introduzida a células-alvo pelos canais iônicos que conforme a ocorrência de luz podem abrir ou fechar. Assim, podendo ativar ou desativar as células-alvo.


A utilização dessa proteína ocorre da seguinte forma:  

1. Isolamento do gene da Canalrodopsina;

2. Recebimento do chamado RNA, funcionando como transportador e detector da célula desejada;

3. Introdução a um adenovírus (detector viral

4. Injeção do adenovírus a um modelo/órgão

5.Células-alvo são atingidas pelo vírus e inicia a produção da proteína sensível à luz


Para que o processo optogenético seja finalizado, a luz é implantada com o uso de um cabo de fibra óptica, e ao acender  a luz… A mágica acontece!

E com essa técnica, estudos comportamentais de doenças como Retinite Pigmentosa, Parkinson, Alzheimer, Epilepsia e outras disfunções motoras, avançam para o progresso.


Impacto Real: Casos de Sucesso


A optogenética não é apenas uma promissora ferramenta de pesquisa, mas também transformadora de vidas. Um exemplo notável é o de um paciente francês com Retinite Pigmentosa, uma doença degenerativa da visão. Em 2021, após ser submetido a um tratamento experimental baseado em optogenética, ele conseguiu enxergar parcialmente novamente, identificando objetos e formas.


Outro caso é o avanço no tratamento da doença de Parkinson. Ensaios clínicos conduzidos pela empresa SYMB XX exploraram a aplicação da luz para reduzir sintomas motores incapacitantes, como tremores e rigidez muscular, proporcionando esperança a milhares de pacientes.


Tendências Futuras


Novas abordagens estão emergindo, como a incorporação de LEDs sem fio em implantes cerebrais. Essa tecnologia promete uma terapia mais acessível e eficiente, sem a necessidade de cabos ou cirurgias invasivas.

Além disso, a pesquisa avança no uso de lasers ultrarrápidos para edição genética, abrindo caminho para terapias neuroprotetoras mais eficazes.

O mercado da optogenética, avaliado atualmente em US$ 522,5 milhões, deve crescer para US$ 648,41 milhões nos próximos cinco anos, de acordo com uma pesqusa feita pela Mordor Intelligence. Empresas como a TSE Systems e a NeuroLux estão liderando essa revolução, investindo em dispositivos avançados para aplicação clínica e pesquisa.


Conclusão


A optogenética está abrindo novos horizontes para a medicina e a neurociência. O controle preciso da atividade neural por meio da luz promete não apenas tratar doenças antes incuráveis, mas também melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.


A luz, que sempre foi símbolo de conhecimento e esperança, agora também pode ser a chave para curar o cérebro humano.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] Britannica: Optogenetics

[7]Frontiers in Bioengineering: Optogenetics and Cardiovascular Research 






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