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Letícia Almeida

O impacto da arte no cérebro




A arte é um meio de expressão que hoje em dia é reconhecido por seus benefícios e impacto no cérebro humano, de acordo com um estudo realizado pela OMS, a arte tem capacidade de melhorar a qualidade de vida e saúde, até mesmo sendo um recurso no tratamento ou prevenção de quadros psiquiátricos e neurológicos. É um processo cognitivo que envolve diversas áreas do cérebro, não apenas quando é feita mas também quando é vista.


Quando vemos uma obra artística, a área responsável pela integração e percepção da informação visual é localizada no lobo occipital, o córtex visual primário (área 17 de Brodmann). Ele processa e envia essas informações para a área tegmentar ventral (ATV) importante na cognição, percepção e um dos principais centros do sistema de recompensa, onde há a produção de dopamina, um neurotransmissor que provoca a sensação de prazer e motivação. Ou seja, quando vemos ou fazemos arte, o nível de dopamina aumenta e em consequência o nível de um hormônio associado ao estresse, responsável pela resposta de luta ou fuga, em que o corpo fica tenso e em estado de vigilância; o cortisol, baixa.


A atividade artística induz a um estado de flow, definido pelo criador do conceito, Mihaly Csikszentmihalyi, como a capacidade de um indivíduo de imergir completamente no momento presente. Esse estado diminui a ansiedade, aumenta o foco e a sensação de recompensa, sendo um dos principais mecanismos usados na arteterapia, que também busca a arte como um meio de expressar sentimentos e emoções. A psiquiatra Nise da Silveira foi a defensora pioneira desse método no Brasil, crucial para a luta antimanicomial, que humanizou os tratamentos psiquiátricos, na época associados a tortura. Antes da reforma psiquiátrica, as condições e tratamentos recebidos por pessoas com transtornos mentais eram inumanas. Muitos eram internados para serem afastados do convívio social, como um meio de punição. Entre os métodos utilizados, estavam a lobotomia e a terapia de choque. Atualmente, após anos de repressão e tentativas de humanização através de pautas sociais e por conta de figuras como Nise, são realizados tratamentos eficazes e saudáveis – como a psicoterapia, e que pesquisas sobre a relação da psiquiatria e da arte são feitas, para que essas pessoas possam ser inseridas novamente na sociedade e ter uma maior qualidade de vida neste processo.  


Além disso, o desenvolvimento de uma habilidade e a criação de algo novo é um exercício para o cérebro, em que ocorre a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se adaptar, onde os neurônios criam novas conexões, as sinapses, transmissão de informações em diferentes áreas do cérebro, o que aumenta o tempo de vida dessas células, e recupera áreas cerebrais que foram lesionadas em acidentes ou doenças neurológicas. Em suma, a arte tem diversos benefícios que durante muito tempo não tiveram reconhecimento, e ainda na atualidade é um campo de pesquisa relativamente recente. Se expressar por meio dela é algo complexo que envolve e impacta em diversas áreas da saúde e mente humana. A criatividade estimula a neuroplasticidade e a sensação de relaxamento, é uma grande aliada no tratamento e prevenção de condições patológicas como o Alzheimer, TDAH, ansiedade, esquizofrenia, e diversas outras.








REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS



[1] Atlas ilustrado de anatomia. Girassol, 2005.


[2] Neurobiologia: Mecanismos de reforço e recompensa e efeitos biológicos comuns às drogas de abuso. NUTE/UFSC, 2016. Disponível em: https://sgmd.nute.ufsc.br/content/portal-aberta-sgmd/e01_m03/pagina-00.html


[3] Neuroplasticidade: o que é e como funciona? Blog Afya Educação Médica, 2022. Disponível em: https://educacaomedica.afya.com.br/blog/neuroplasticidade-o-que-e-e-como-funciona?utm_source=google&utm_medium=organic



[5] Ground-breaking research series about health benefits of the arts. OMS, 2023. Disponível em: https://www.who.int/news/item/25-09-2023-ground-breaking-research-series-on-health-benefits-of-the-arts


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