Com o passar dos anos, a discussão sobre a função e importância do gênero se tornou cada vez mais popular. Esse tema se apresentou em diversos lugares como debates políticos, postagens em redes sociais e ainda em livros e artigos de pensadores importantes, como a acadêmica, filósofa e escritora Djamila Ribeiro.
O gênero se apresenta na nossa sociedade através das normas sociais e estereótipos assim ditando os papéis sociais de mulheres e homens. Tudo isso através de preconceitos e regras, que se manifestam por meio da divisão binária de tudo, desde artigos e brinquedos de bebê a carreiras e hobbies de adultos.
As frentes ativistas defendem que a divisão de gênero não é natural e deixa nossa sociedade cimentada em hábitos antigos, atrasando o progresso. Foi observado,nos últimos 80 anos, diversas mudanças sociais, como mulheres abrindo espaço e marcando presença no mercado de trabalho, gerando um desenvolvimento surreal na sociedade, que acreditava que elas não podiam ser de nenhuma contribuição, provando o ponto defendido pelos ativistas.
Nos dias de hoje, vemos que a ideia de “gênero” se tornou sinônimo de algo antiquado e desnecessário, e, consequentemente, fazendo nós nos questionarmos sobre tópicos como se as normas de gênero são realmente fundamentais para nossa sociedade, ou os benefícios e danos que as divisões binárias causam atualmente.
As normas de gênero são regras que impusemos para nossa sociedade, e com extrema importância, sendo pilares em sua organização fundamental, por isso que há tamanha dificuldade em abolí-las, pois sem elas, teríamos uma sociedade completamente diferente. Muitas de nossas leis, costumes e tradições se centram em torno dessa norma binária. Porém, acreditar que não conseguimos mudá-las, seria subestimar a capacidade humana de se adaptar a diversas situações.
Do ponto de vista da história humana, houve a necessidade ao longo dos séculos, que vários povos se adaptarem conforme suas sociedades ditavam e evoluíam, assim estando em um constante processo de adaptação. Olhando a perspectiva europeia, conseguimos observar a transição entre três períodos distintos, que foram, o Império Romano (27 a.C a séc V), a Idade Média (séc. V ao séc. XV), e o Renascentismo (séc. XIV ao séc. XVI). Se procurássemos, acharíamos ainda mais exemplos, como a mudança da visibilidade e papel social da mulher e da comunidade LGBTQ+ na nossa sociedade em cerca de 80 anos, entre muitos outros.
Em resumo, apesar do fato que a abolição das normas sociais implicaria numa reorganização social lenta e difícil, já é visto que esse processo não é incomum nem impossível.
As regras sociais se dobram à vontade do homem, e a existência de uma sociedade implica mudança, portanto a transformação da atual sociedade é necessária e inevitável: ou as pessoas acompanham, ou são deixadas para trás.
A questão é que a nossa sociedade atual não comporta mais esses ideais. A ideia de binaridade gênero, ou seja, segregar nossa sociedade entre homem e mulher, impor regras e deveres sobre eles e reprimir quem não seguir esse padrão propaga conceitos ultrapassados. Estes até podem fazer sentido num contexto antigo, mas não tem mais lugar na sociedade atual, pois o mundo mudou, e as pessoas também.
Como comunidade, é preciso sempre visar evoluir, melhorar o que somos e o que queremos ser. Não é novidade nenhuma que o mundo está mudando, então temos que parar de tentar resistir a isso. Não dá mais pra ser contra ou a favor a igualdade de gênero, ou ao fim da divisão de gênero, é preciso lembrar que estamos no século da mudança, ou seja, se recusar a mudar é aceitar ficar para trás.
Fontes:
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2019.00011/full https://behavioralscientist.org/what-happens-when-we-give-everything-a-gender/ https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(19)30651-8/fulltext https://www.nature.com/articles/news.2011.338 https://www.iberdrola.com/compromisso-social/estereotipos-de-genero http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/viiienpec/resumos/R0049-2.pdf https://www.scielo.br/j/psoc/a/VwnvSnb886frZVkPBDpL4Xn/?lang=pt https://radis.ensp.fiocruz.br/index.php/home/entrevista/o-machismo-fragiliza-todomundo
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