No dia 20 de julho de 1969, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisaram na Lua pela primeira vez, sendo responsáveis por um dos maiores feitos da história da humanidade. Sabe-se que essa vontade de ir para o espaço foi decorrente da Corrida Espacial (disputa entre a União Soviética e os Estados Unidos durante o período da Guerra Fria). Porém, após a chegada da potência americana ao satélite natural determinando um vencedor, a vontade de ir à Lua e os investimentos para fazer isso foram diminuindo.
Ao longo de toda a história, apenas doze pessoas pisaram na superfície lunar, todas durante o período de 1969 até 1972. Novamente, se condiz com as datas da Corrida Espacial.
Esta estagnada na investigação humana do satélite é uma questão que possui um peso negativo para a comunidade científica, visto que a Lua possui vários recursos que poderiam ser mais utilizados e explorados (com consciência). Por que não viajar até lá novamente?
Após 56 anos sem planejar missões para o satélite natural, em 2022, a NASA dará o primeiro passo para o grande retorno do ser humano à Lua, com a missão nomeada como Artemis. O projeto da agência americana coloca o nome em homenagem à deusa da Lua, Artemis, irmã de Apolo, que também recebeu sua homenagem em 1966 com a criação do projeto Apolo, posteriormente responsável por levar o primeiro ser humano à Lua durante a 11º missão do projeto (Apolo 11).
O projeto Artemis está inicialmente dividido em três etapas programadas para ocorrer nos próximos quatro anos. A primeira etapa está programada para esse ano (2022) e é sobre ela o artigo de hoje: a aguardada missão Artemis I.
ARTEMIS I
A missão da NASA para o teste dos sistemas de exploração do espaço profundo testará o foguete Space Launch System (SLS), a espaçonave Orion e os equipamentos e sistemas terrestres do Kennedy Space Center, localizado na Flórida. Esse primeiro teste de voo não tripulado (por seres humanos) serve para coletar dados e realizar testes iniciais para programar o aguardado retorno do ser humano à Lua. Mas, como funcionará e o que acontecerá depois do lançamento do SLS do Kennedy Space Center?
A MISSÃO: LANÇAMENTO E NO ESPAÇO
O lançamento da missão Artemis I estava programado para o dia 29 de Agosto, às 9:33 horas (horário de Brasília), entretanto, um vazamento de hidrogênio impossibilitou o resfriamento adequado dos motores, o que tornou o lançamento inviável. Desde então, engenheiros da NASA estão tentando solucionar o problema. No dia do lançamento, o SLS e a cápsula Orion decolarão da plataforma 39B impulsionados por um par de propulsores de cinco segmentos e quatro motores RS-25. O foguete atingirá o Max-Q (período de maior força aerodinâmica) 90 segundos após o lançamento. Após oito minutos, o foguete já terá descartado os propulsores, os painéis do módulo de serviço e o sistema de aborto de lançamento (basicamente, as três etapas do MECO). Ainda nos oito minutos, os motores da plataforma principal serão desligados, anexando a Orion à Interim Cryogenic Propulsion Stage (ICPS), que será responsável por retirar a cápsula da órbita terrestre e impulsioná-la até a órbita lunar- essa etapa da missão é nomeada de injeção translunar e visa atingir um ponto determinado que possibilitará a inserção da cápsula na órbita lunar, uma vez que será capturada pela gravidade do satélite natural.
Duas horas após o lançamento, a Orion se separará da ICPS que, por sua vez, liberará dez CubeSats (pequenos satélites), responsáveis por estudar a Lua ou, quem sabe, viajar pelo espaço profundo. No ápice da missão, a cápsula Orion estará a 97 quilômetros da superfície lunar e, em seguida, usará a força gravitacional do satélite natural para impulsionar a cápsula à órbita retrógrada localizada a 64.000 quilômetros do destino inicial. Após completar o trajeto, em um segundo sobrevoo próximo, Orion acionará um de seus motores em um instante “T” previamente determinado com o objetivo de um aproveitamento da gravidade lunar para auxiliar o retorno da cápsula para a Terra. A missão termina testando a capacidade térmica da Orion, que entrará na atmosfera com uma temperatura de 3073,15 K (2800ºC), o que certificará o desempenho do escudo térmico da cápsula. Ao longo da entrada da cápsula na atmosfera, paraquedas serão acionados garantindo um pouso seguro na costa de San Diego.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA MISSÃO
Como apontado anteriormente, essa é a primeira missão do projeto, logo, ela servirá de teste para as outras duas agendadas para 2024 e 2025.
Os principais objetivos da missão Artemis I são:
Testar a capacidade do escudo térmico da cápsula Orion
Durante o retorno da cápsula para a atmosfera, estima-se que ela esteja a uma velocidade de 40.000 km/h e chegará a 3073,15 K de temperatura, valores muito altos. Para que o pouso ocorra em segurança, foi desenvolvido um escudo térmico que fará com que Orion suporte a velocidade e a temperatura e, posteriormente, protegerá os astronautas a bordo da cápsula. Mas, não pense que a espaçonave está desocupada: para essa primeira missão, três “astronautas” estarão a bordo. O Comandante Moonkin Campos, Helga e Zohar são manequins que demonstraram como os astronautas que estarão nas missões Artemis II e Artemis III, medindo índices de aceleração, radiação e o comportamento de alguns tecidos humanos durante a viagem, já que os “passageiros” são extremamente realistas.
Demonstrar operações e instalações durante a missão
Por ser a primeira missão, existem vários equipamentos que precisam ser testados, na realidade, todos. Para esse projeto, foi desenvolvido um novo sistema de equipamentos que inclui o foguete SLS, a cápsula Orion e todos os sistemas de comunicação, propulsão e navegação da espaçonave que serão verificados por engenheiros da agência ao longo da missão. Outro ponto importante a ser verificado é como a cápsula e os “passageiros” se comportarão ao passar pelo Cinturão de Van Allen (região localizada entre três e dez raios terrestres da superfície, onde estão presentes diversas partículas carregadas proveniente, majoritariamente, de raios cósmicos).
E DEPOIS DA ARTEMIS I? O QUE ACONTECE?
Depois da missão realizada e concluída com sucesso, os profissionais responsáveis irão analisar os dados, realizar as correções necessárias e começar a se programar para o próximo passo. Como dito pela própria agência norte-americana: “We are going!” (Nós estamos indo!”). O principal objetivo do projeto é promover o retorno do ser humano à Lua, para isso duas outras missões estão programadas: a segunda missão do projeto Artemis está programada para 2024 e levará quatro astronautas para órbita lunar. Sem realizar qualquer pouso, o procedimento será semelhante ao da oitava missão do projeto Apolo (Apolo 8). Por fim, o tão esperado pouso na superfície lunar está programado para 2025, entretanto, profissionais estimam que a missão só será realizada em 2026. A missão Artemis III, levará os astronautas para o polo sul da Lua, local onde foi encontrado água em seu estado sólido.
Para assistir o lançamento pelo canal oficial da NASA no YouTube, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=CMLD0Lp0JBg
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