Em 14 de Outubro de 2023, o Eclipse Solar Anular encantou o mundo todo com sua beleza, sendo visto predominantemente no Nordeste brasileiro.
Desde o começo das civilizações, a humanidade observa e se impressiona com os fenômenos astronômicos. Os gregos antigos, por exemplo, contribuíram muito para o avanço da Astronomia, tendo em vista o desenvolvimento de modelos para explicar o formato da Terra, as estações do ano, bem como os movimentos do Sol, da Lua e dos outros planetas visíveis a olho nu. Dentre esses filósofos, cita-se Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.), responsável por explicar que as fases da Lua dependiam da iluminação solar, conclusão atingida ao observar a formação de sombras durante os eclipses.
A visão de Aristóteles logo se tornou aceita, por séculos, auxiliando na propagação de conceitos físicos e astronômicos. Apesar dos desvios ainda é válido ressaltar a descoberta da substância éter, que seria o “quinto elemento” proposto por Aristóteles que comporia os corpos celestes, cuja existência foi investigada até meados do século XIX.
Em 1608, Galileu Galilei (1564-1642), inspirado pelas teorias propostas pelo filósofo grego, aperfeiçoou seu telescópio e, utilizando o instrumento, descobriu as fases de Vênus e satélites galileanos de Júpiter (Io, Europa, Ganímedes e Calisto). Após isso, o primeiro modelo matemático capaz de prever as órbitas planetárias foi desenvolvido por Nicolau Copérnico (1473-1543). Posteriormente esse modelo planetário foi refeito por Tycho Brahe (1546-1601), que anos depois teve como seu ajudante Johannes Kepler (1571-1630), o qual ficou conhecido por transformar a mecânica celeste com suas três leis do movimento planetário.
Anos depois, a partir dos conceitos previamente estabelecidos por Copérnico, Galileu e Kepler, Isaac Newton (1642-1727) elaborou a Lei da Gravitação Universal, a qual afirma que todo corpo no Universo é atraído por uma força que se intensifica quanto maior é a massa do corpo e quanto mais perto estiverem um do outro.
Em 1905, Albert Einstein apresentou a Teoria da Relatividade Restrita, desafiando as noções de espaço e tempo, e adicionando a famosa equação E = mc², a qual traz a relação entre a transformação da massa de um corpo em energia, onde E = energia; m = massa; c = a velocidade da luz no vácuo. A Teoria da Relatividade Geral, de 1915, expandiu esses princípios, trazendo assim uma melhor compreensão dos fenômenos astronômicos, confirmada pelo experimento fundamentado no Eclipse Solar de 1919, que ocorreu na Ilha do Príncipe, África Ocidental e em Sobral, Brasil, lugares escolhidos por Sir Arthur Eddington, um astrônomo britânico, pois são muito próximos da linha do equador, com isso ambos estavam na rota do Eclipse Solar Total, além de que ambos também estavam com condições meteorológicas favoráveis para a visualização do Eclipse. Na situação, os astrônomos tiraram algumas fotografias de estrelas próximas do Sol, que puderam ser vistas durante o eclipse, e depois tiraram outras fotografias das mesmas estrelas quando estava a noite, e o Sol não estava aparente no céu. Com esse experimento foi possível comprovar um deslocamento das estrelas que coincidia com o deslocamento proposto pela Teoria da Relatividade Geral, pela curvatura da luz.
As ideias de Einstein superaram as teorias anteriores, oferecendo uma visão mais precisa para o entendimento do Universo, reformulando assim a visão de espaço e tempo, e aumentando a compreensão moderna da gravidade, influenciando profundamente a narrativa da exploração astronômica ao longo da história.
Figura 1: Lua passa por entre a Terra e o Sol durante um dos Eclipses Solares Anulares em Abu Dhabi Foto: REUTERS/Christopher Pike
Após 104 anos do Eclipse Solar, este ano, no dia 14 de outubro, o fenômeno responsável por comprovar a teoria mais revolucionária da Física pôde ser visto novamente no Brasil. O evento astronômico ocorre quando há um alinhamento entre a Terra, o Sol e a Lua. No Eclipse de 2023, a Lua estava em sua posição mais distante da Terra, desse modo, o Sol não pode ser completamente coberto pelo satélite natural, resultando em uma espécie de “anel de fogo”. Os estados que conseguiram vê-lo perfeitamente foram Paraíba e Rio Grande do Norte. Mas por outro lado, em grande parte do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ao olhar para o céu perto das 15h viram o Sol como se tivesse sido "mordido" pela Lua. Além do Eclipse Solar Anular que ocorre quando a Lua está o mais distante possível da Terra entre esse e o Sol e não cobre completamente o astro, há vários outros tipos de eclipses que são até mesmo mais recorrentes, por exemplo o Eclipse Solar onde há uma pequena diferença, pois a Lua fica entre o Sol e a Terra, e o nossa estrela é completamente coberta; além desse fenômeno também temos o Eclipse Lunar, o qual a Terra é o astro posicionado entre os outros corpos astronômicos, com isso a Lua fica em sua sombra, assim não fica visível, com isso temos um eclipse.
Figura 2: Representação ilustrativa do Eclipse Solar e do Eclipse Lunar, respectivamente
As observações de Eclipses precisão de algumas precauções, como por exemplo utilizar um filtro especial que protege os olhos de raios nocivos que são emitidos, ou olhar para o reflexo em um papel branco ou até mesmo na água, e não é recomendável fazer a utilização de métodos improvisados, como o uso de óculos escuros ou vidros esfumados, pois não oferecem a proteção adequada, uma vez que pode trazer diversos problemas, por exemplo a cegueira.
O Eclipse Solar Anular pôde ser visto apenas oito vezes, sendo contados a partir dos anos 2000 até 2023, com intervalos bem espaçados. Contudo até o ano de 2034 ainda poderão ser vistos mais três Eclipses Solares Anulares, datados para:
6 de fevereiro de 2027
26 de janeiro de 2026
12 de setembro de 2034
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