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Eduarda Toledo

Comunicação: a pedra no caminho da neurociência

O funcionamento do cérebro e o comportamento humano são alguns dos maiores desafios para o progresso da ciência moderna. Atualmente, sabe-se que o cérebro depende de sinais elétricos para a comunicação entre os neurônios. No entanto, que a engenharia e a eletricidade estão intimamente ligadas à atividade cerebral não é novidade para nenhum cientista. Diferente do que muitos pensam, a aplicação de princípios da engenharia na medicina está presente há séculos: as correntes elétricas foram detectadas no cérebro humano antes de serem detectadas em fios, e tratamentos envolvendo essa área do conhecimento datam do século XVII. Então, por que a neurociência permanece um dos grandes mistérios da ciência? Por que algo que é de interesse de vários setores sociais e econômicos há tantos séculos ainda não é totalmente compreendido? A resposta, entre muitas aspas, é simples: a comunicação, ou a falta dela, é o maior empecilho na solução desse grande mistério.


O desenvolvimento do campo da “neuroengenharia” é prejudicado pela falta de comunicação entre as partes — um fator que, ao contrário da maioria dos aspectos da ciência, vem regredindo. No passado, os cientistas não compartimentalizavam o conhecimento de forma isolada; eles compreendiam que esse saber não podia ser dividido, e reconheciam que, nesse contexto, a engenharia e a biologia precisavam trabalhar em conjunto para alcançar soluções eficazes. Hoje, talvez por orgulho ou falta de instrução, profissionais de diferentes áreas tendem a não colaborar, o que impede o progresso. Por exemplo, engenheiros frequentemente não compreendem as propriedades básicas do tecido nervoso, enquanto neurofisiologistas não dominam os fundamentos matemáticos essenciais à engenharia. No último século, essas duas disciplinas, de fato, evoluíram de forma quase independente, desenvolvendo suas próprias práticas, métodos, vocabulário e preconceitos.


A compartimentalização do conhecimento gera a impressão de que o mundo é fragmentado, dificultando uma visão "fora da caixa" que permita a interligação entre diferentes áreas. Nesse contexto, faz sentido mencionar a Teoria dos Paradigmas de Thomas Kuhn, que exemplifica como a ciência progride: Kuhn afirma que um paradigma predominante tende a congelar o progresso, criando obstáculos mentais tanto para novos quanto para veteranos cientistas, além de, em alguns casos, impedir o investimento em determinadas pesquisas e projetos. A falta de comunicação é, portanto, um grande paradigma, e por isso é crucial que as novas gerações trabalhem de forma conjunta, compreendendo a interdependência entre os diversos campos do saber. Nessa mudança de mentalidade, a atuação das instituições escolares é imprescindível, devendo-se dedicar à construção de um currículo interdisciplinar para formar jovens preparados para fazer ciência.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] Barry, John M., 1947- A grande gripe : a história da gripe espanhola, a pandemia mais mortal de todos os tempos / John M.


[2] Varsavsky, Andrea; Mareels, Iven; Cook, Mark; 2010 - Epileptic Seizures and the EEG


[3] Andréia Guerra, Colégio Pedro II - TEKNÊ-RJ; Jairo Freitas, Colégio Pedro II - EPJV da Fiocruz - TEKNÊ-RJ; José Cláudio Reis, Colégio Pedro II - TEKNÊ-RJ; Marco Antonio Braga, CEFET-RJ - TEKNÊ-RJ* Rio de Janeiro RJ - A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DAS CIÊNCIAS A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-FILOSÓFICA

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