Afinal, no que consiste a biomecânica e como ela se relaciona ao esporte? A biomecânica é uma subárea da física e da fisiologia que estuda os movimentos do corpo humano. Os primeiros registros dessa ciência datam da Grécia Antiga, sendo Aristóteles considerado o primeiro estudioso de biomecânica da história.
Em vista disso, a biomecânica está intimamente ligada aos esportes, entre eles, a ginástica artística, modalidade presente nos Jogos Olímpicos desde a primeira edição da Era Moderna, em Atenas 1896, que combina arte a movimentos bastante complexos. Visando aprimorar as técnicas e a execução dos exercícios desta modalidade, pesquisadores da área vêm produzindo inúmeros trabalhos científicos dentro da biomecânica.
Uma das provas mais intrigantes da ginástica artística é o solo, em que os atletas executam exercícios sobre uma superfície elástica. Um dos movimentos realizados no solo que mais chama a atenção dos telespectadores é o "rodante", no qual o ginasta rotaciona completamente o corpo ao redor do eixo longitudinal. As variáveis físicas presentes nesse movimento o tornam muito interessante de ser analisado do ponto de vista da biomecânica.
Figura 1 - Ginasta brasileira Rebeca Andrade fazendo um movimento no solo
O rodante começa com uma corrida de aproximação, que pode ser quantificada pelo momento linear, que mede a quantidade de movimento de determinado corpo. A energia cinética dessa corrida é transformada em energia cinética de rotação e em energia potencial gravitacional. Juntamente a essas transformações de energia, surgem o momento angular e o torque externo, que medem a quantidade de movimento de corpos em rotação e o produto da força externa, respectivamente.
Além do mais, as forças externas que atuam sobre um ginasta durante a execução dos movimentos no solo podem chegar à ordem de 5 a 17,5 vezes o peso de seu próprio corpo, o que explica a dificuldade enfrentada por elas durante a aterrissagem dos movimentos acrobáticos.
Dessa forma, quanto maior o nível de dificuldade de uma dada acrobacia, maior o risco de lesão, uma vez que a ordem de grandeza das forças externas que atuam sobre o atleta aumenta substancialmente seu peso. Portanto, é muito importante conhecer a ordem de grandeza dos componentes físicos implicados na execução de cada movimento acrobático.
Figura 2 - Atleta de ginástica artística realizando um rodante
A alta complexidade dos movimentos na ginástica artística tornam essa modalidade propensa a um elevado risco de lesões. Entre os fatores que contribuem para a frequência das lesões na ginástica destacam-se a estatura, o peso e a idade dos atletas. Indivíduos com estatura e peso elevados tendem a sofrer impactos mais severos, o que pode comprometer a integridade de tendões e articulações. A associação entre idade avançada, maior tempo de prática e dificuldade na execução de movimentos é um fator significativo para o aumento das lesões.
As lesões na ginástica artística são comumente observadas em tornozelos, joelhos, ombros e coluna lombar, sendo as entorses as mais frequentes. Além da estrutura física mencionada, os exercícios no solo apresentam maior propensão a lesões devido ao alto impacto nos segmentos corporais.
O rodante é um movimento acrobático fundamental, já que serve como a base para todas as sequências acrobáticas executadas para trás. A realização de acrobacias mais complexas, como saltos duplos mortais e mortais com pirueta, depende de aspectos físicos específicos como o momento linear, o momento angular e o torque externo.
Esses fatores são especialmente cruciais durante as fases de entrada e saída do rodante. Entre esses componentes, apenas o momento angular e o torque externo estão diretamente ligados ao movimento rotacional gerado pelo rodante. O torque externo, em particular, é o mais significativo neste contexto, pois representa a mudança do momento angular ao longo do tempo.
Portanto, compreender os aspectos físicos envolvidos na realização do rodante é crucial para aprimorar sua técnica. Isso não apenas facilita a execução de acrobacias subsequentes, mas também ajuda a reduzir as penalidades atribuídas pelos juízes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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