As praias do Brasil são lares de uma variedade de espécies animais e de belezas naturais, temos as tartarugas marinhas, as arraias e os cavalos marinhos representando a fauna, e os corais e os recifes embelezando a flora. Embora sejam ricas em biodiversidade, as praias enfrentam desafios ambientais, um deles em especial é a presença de BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos), que são compostos orgânicos voláteis, encontrados na gasolina e nos derivados do petróleo. Esse grupo de contaminantes traz vários malefícios para o meio ambiente e para a vida do ser vivo, podendo se alastrar com grande facilidade na água e no solo por meio das águas subterrâneas. O benzeno é uma substância cancerígena, e os outros compostos são tóxicos, causando sérios danos à saúde humana e para o ecossistema atingido. Convulsões, prejuízos ao sistema nervoso central e envenenamento são algumas das consequências que o contato com essas substâncias pode causar. A presença desse contaminante no meio ambiente ocorre por meio de vazamentos ou derramamentos, normalmente em locais de produção de petróleo, em postos de gasolina e em navios petroleiros. Por conta da rápida dispersão do contaminante na água, os impactos podem ser catastróficos.
No ano de 2019, um derramamento de petróleo atingiu a costa brasileira e alcançou 11 estados do Nordeste e Sudeste, fazendo com que este desastre fosse considerado o maior derramamento de óleo bruto da história do país. Esse caso trouxe consigo diversos impactos negativos para o ambiente e para os seres vivos, já que essa substância contém benzeno, que, com contato a curto prazo, pode causar sérios danos às vidas humana e marinha. Diversos pescadores encontraram muitos peixes cobertos com manchas de petróleo, impactando as atividades de pesca em inúmeras praias, devido à alta toxicidade presente no contaminante. Além dos pescadores, os moradores locais enfrentaram sérios riscos à saúde, ao entrar em contato direto com o petróleo derramado. Houve relatos de pessoas que entraram na água da praia e saíram com manchas de petróleo espalhadas pelo corpo. De acordo com pesquisas realizadas pelo site G1 no ano de 2019, os estados de Pernambuco, do Ceará e da Bahia registraram 70 casos de intoxicação devido ao contato com a substância, causando irritações na pele, vermelhidão, problemas respiratórios e dor de cabeça.
Além dos desafios causados por derramamentos de petróleo, também é fundamental reconhecer os impactos a longo prazo do BTEX nas praias. Estes compostos tóxicos podem persistir em ambientes costeiros mesmo anos após o incidente, assim continuando a causar danos à saúde humana e aos ecossistemas marinhos. Uma das preocupações mais sérias é a contaminação persistente do solo e das águas subterrâneas. O BTEX pode infiltrar-se no solo da praia e se deslocar para os aquíferos, onde pode persistir por longos períodos de tempo. Isto pode levar à contaminação de aquíferos costeiros e fontes de água potável , representando riscos para a saúde pública e para a biodiversidade local. Além disso, a toxicidade do BTEX para a vida marinha pode ter efeitos a longo prazo nos ecossistemas costeiros. Organismos como peixes, moluscos e crustáceos que vivem em águas próximas da costa podem ser expostos a níveis perigosos de BTEX, trazendo efeitos negativos à pesca e à aquicultura.
Diante desses desafios, é importante adotar abordagens proativas para prevenir a contaminação por BTEX e mitigar seus impactos a longo prazo. Por exemplo, pode-se citar medidas como o monitoramento contínuo da qualidade da água e do solo, como a aplicação de regulamentos mais rigorosos para evitar vazamentos de petróleo e como o incentivo a práticas de gestão ambiental sustentável em áreas costeiras sensíveis. Em 2019 o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro criou um Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pelo Ibama, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Marinha, que tinha como objetivo avaliar se o incidente de poluição por óleo ocorrido em 2019 era de significância nacional. Proteger as praias e os ecossistemas costeiros da contaminação por BTEX é uma responsabilidade compartilhada. Sendo assim, através dos esforços das comunidades, do governo e das indústrias, poderemos garantir um futuro sustentável para as nossas praias e para as gerações futuras.
Referências Bibliográficas
70 casos de intoxicação são notificados por 3 estados do Nordeste após contato com petróleo. Disponível em: <https://g1.globo.com/natureza/desastre-ambiental-petroleo-praias/noticia/2019/11/08/70-casos-de-intoxicacao-sao-notificados-por-3-estados-do-nordeste-apos-contato-com-petroleo.ghtml>.
Conheça os contaminantes do grupo dos BTEX. Disponível em: <https://ambscience.com/contaminantes/>.
Mais de um ano após vazamento de óleo em praias do Nordeste, danos ainda são sentidos. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/10/13/mais-de-um-ano-apos-vazamento-de-oleo-em-praias-do-nordeste-danos-ainda-sao-sentidos>.
PENA, P. G. L. et al. Derramamento de óleo bruto na costa brasileira em 2019: emergência em saúde pública em questão. Cadernos de saude publica, v. 36, n. 2, p. e00231019, 2020.
SILVA, L. R. C. DA et al. Derramamento de petróleo no litoral brasileiro: (in)visibilidade de saberes e descaso com a vida de marisqueiras. Ciencia & saude coletiva, v. 26, n. 12, p. 6027–6036, 2021.
Parabéns kaíque Gomes que Deus continue te dando sabedoria iluminando sempre sua caminhada rumo ao sucesso