A bioética é um campo interdisciplinar que se ocupa das questões éticas
emergentes da relação entre a vida, a ciência e a tecnologia. A manipulação
genética, incluindo a edição genética e a clonagem, representa um dos mais
significativos avanços científicos da era moderna, prometendo revolucionar a
medicina, a agricultura e a biodiversidade. No entanto, essas tecnologias também trazem dilemas éticos complexos que desafiam nossos valores morais, legais e sociais.
A bioética é amplamente reconhecida como um campo interdisciplinar crucial na análise das questões éticas emergentes da relação entre a vida, a ciência e a tecnologia. Esse campo oferece um arcabouço ético essencial para avaliar e orientar decisões no âmbito da saúde e da pesquisa. Nesse contexto, a manipulação genética, incluindo a edição genética e a clonagem, representa um dos mais significativos avanços científicos da era moderna, prometendo revolucionar a medicina, a agricultura e a biodiversidade. Isso posto, é importante reconhecer que essas tecnologias trazem dilemas éticos complexos que desafiam valores morais, legais e sociais, dos quais a bioética aborda de maneira reflexiva e crítica. Diante disso, a bioética emerge como um plano de fundo essencial para essa discussão, considerando princípios fundamentais como autonomia, justiça e dignidade humana.
A edição genética, particularmente a técnica CRISPR-Cas9, permite modificações precisas no DNA, abrindo possibilidades para curar doenças genéticas e melhorar tais características. Contudo, questões éticas surgem quanto ao potencial de criar "bebês sob medida", aumentando as disparidades sociais e levantando preocupações sobre a "eugenia moderna". Além disso, a possibilidade de alterações genéticas hereditárias coloca em risco futuras gerações, que não têm voz na decisão de suas próprias constituições genéticas.
A clonagem, seja terapêutica ou reprodutiva, levanta questões sobre a identidade e individualidade dos clones, o bem-estar dos seres clonados e o impacto na diversidade genética. Os efeitos da maioria dos saberes científicos adquiridos através das pesquisas que envolvem manipulação genética mais ou menos complexas, ainda são desconhecidos; se forem aplicados sobre o organismo humano a incógnita permanece. “A clonagem reprodutiva de humanos, em particular, é amplamente condenada devido às implicações éticas relacionadas à autonomia, consentimento e natureza da procriação.” (OLIVEIRA, 2001, p. 112). O trecho citado mostra como essa é uma pauta já apresentada há anos, porém sem uma resolução definitiva. As controvérsias persistem, refletindo o dilema entre o avanço científico e os limites morais da sociedade.
Figura 1
Outras tecnologias emergentes, como a terapia genética somática e germinativa, a biologia sintética e a xenotransplantação, também apresentam desafios éticos. Estes incluem a segurança dos procedimentos, o consentimento informado, a justiça no acesso aos tratamentos e as consequências ambientais de organismos geneticamente modificados.
A bioética oferece um espaço para abordar esses dilemas, enfatizando princípios como a autonomia do paciente, a beneficência e a justiça. Conforme o campo da manipulação genética evolui, é imperativo que a sociedade, os cientistas e os formuladores de políticas dialoguem para equilibrar os benefícios potenciais com os riscos éticos, garantindo que a tecnologia sirva ao bem comum sem comprometer os direitos e a dignidade dos indivíduos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1] OLIVEIRA, Simone. MANIPULAÇÃO GENÉTICA E DIGNIDADE HUMANA: DA BIOÉTICA AO DIREITO. 2001. Dissertação (Pós-graduação em Direito) - Universidade Federal de Santa Catarina, [S. l.], 2001. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/79645/179234.pdf. Acesso em: 18 mar. 2024.
[2] ALMEIDA, Layslla; NOGUEIRA, Renata. MANIPULAÇÃO GENÉTICA: AVANÇOS E BIOÉTICA. -. Dissertação (Ensino Técnico Infogenius) - Faculdade Maurício de Nassau, [S. l.], -. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conbracis/2017/TRABALHO_EV071_MD4SA11ID1889_15052017235549.pdf. Acesso em: 19 mar. 2024.
[3] FARIAS, André; JÚNIOR, Eduardo; BIASOLI, Luis. Bioética e eugenia: pressupostos biopolíticos da manipulação genética. 2021. Dissertação (-) - Universidade de Caxias do Sul, [S. l.], 2022. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/5766/576670028023/html/. Acesso em: 19 mar. 2024.
Muito interessante!