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Aviões furtivos: De onde vem? Para onde vão? E por que não podemos vê-los?

Maria Rita Coelho

Ao falar sobre aviões furtivos  ou invisíveis , essas são as principais perguntas a serem feitas. Aliás, qual é o propósito de produzir um avião que não pode ser visto e nem identificado por ninguém? E como isso é possível? 


A aviação furtiva não é apenas uma criação inteligente, mas também uma super necessidade de grandes potências mundiais do século XX devido à Guerra Fria. Na década de 1960, os Estados Unidos estavam em busca de novas estratégias para estarem um passo à frente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). E foi assim que recorreram à implacável Skunk Works, a equipe de aviação avançada da empresa americana Lockheed Martin, que criou algo completamente novo e destemido para a época. 


A intenção de criar algo para espionar os inimigos, como aviões de patrulha, geralmente utilizados para essas missões típicas, fez com que acabassem ganhando na loteria! Isso porque os engenheiros não só produziram um avião que passou despercebido por radares, mas criaram a aeronave mais rápida do mundo até os dias atuais. O SR-71 Blackbird, é uma das invenções mais audazes da aviação mundial, e carrega esse título por sua grande atuação durante o conflito. Para comprovar isso, basta saber que os mísseis de defesa soviéticos precisavam ser disparados antes de pensarem que o Blackbird iria aparecer, pois este chegava a uma velocidade de Mach 3, o que significa viajar a mais de 3.400 km/h. 


Figura 1: SR-71 Blackbird
Figura 1: SR-71 Blackbird

  Mas por que invisíveis?


Por mais que seja extremamente veloz, sua maior peculiaridade não se resume a isso. O que essa aeronave tem em comum com todas as outras máquinas invisíveis é o seu RCS (Radar Cross Section), a medida de quão detectável um objeto é perante a um radar. Portanto, um grande RCS significa que algo está mais propenso a ser detectado e vice-versa. 


Esse adereço está presente em todos os aviões do mundo, e é essencial para o rastreamento e localização de cada um. Porém, dependendo da missão ou do objetivo principal do aeroplano, o RCS pode ser modificado. No caso dos furtivos, ter este indicador cada vez mais próximo do zero é muito importante para se sair bem em voo. Em contrapartida, um avião comercial não necessita dessas restrições, visto que é crucial a sua rápida localização por um radar para facilitar as suas viagens. 


Ademais, há outros componentes fundamentais para camuflar um avião durante o voo. A cor preta  utilizada na maioria das aeronaves desse tipo  age como um elemento absorvente de radar, especialmente para minimizar a quantidade de ondas refletidas em sua fuselagem. As suas superfícies também podem ser aumentadas para absorver os sinais dos radares ou refleti-los em direções contrárias. E, por fim, mudar a localização dos motores também pode ter o mesmo efeito. 


  Figura 2: Radar Cross Section (RCS).
  Figura 2: Radar Cross Section (RCS).

Onde estamos e para onde vamos?


Após mais de 60 anos de um dos primeiros sucessos da aviação furtiva, as encomendas para esse tipo de aeronave têm se modificado


Um dos grandes exemplos dessa nova era é o avião mais caro do mundo: o bombardeiro B-2A Spirit (também apelidado de “Stealth Bomber”). Inventado pela empresa aeroespacial americana Northrop Grumman na década de 1980, ao passar por um radar, o avião pode ser facilmente confundido com uma abelha pacífica devido ao RCS de aproximadamente 0,001! Inspirada em uma falcão-peregrino, a aeronave possui uma cor tipicamente preta e aerodinâmica diferente do usual para alcançar uma maior furtividade. Entretanto, seu uso não é a espionagem, e sim o ataque: ele é equipado com armas nucleares e pode transportar mais de 1,5 milhão de libras em munições. Agora, no século XXI, o B-21 Rider irá assumir a posição de novo bombardeiro furtivo dos Estados Unidos. E a continuação do Blackbird, será o SR-72 Darkstar, drone de reconhecimento e vigilância proposto também pela Lockheed Martin, pode estar a caminho. 


Figura 3: B-2A Spirit (Northrop Grumman)
Figura 3: B-2A Spirit (Northrop Grumman)

Considerações Finais


Nota-se, pois, que a aviação furtiva é um legado que continua até os dias atuais. Porém, os aviões vêm se modificando e se aprimorando cada vez mais com o passar dos anos, tendo em vista as diferentes situações em que podem ser implementados. Para o futuro, o que se espera são aeronaves cada vez menos detectáveis e mais assertivas, ou até mesmo drones, como o Darkstar. Apesar de ser um ramo extremamente caro, a aviação furtiva é uma das áreas mais promissoras da atualidade e sua tecnologia é uma das mais rebuscadas.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] (USAF) “B-2 Spirit > Air Force > Fact Sheet Display.” AF.mil, https://www.af.mil/About-Us/Fact-Sheets/Display/Article/104482/b-2-spirit/. Accessed 6 January 2025.


[2] (Weiss #) Weiss, Taylor. “The SR -71 Blackbird: An Engineering Headache of Supersonic Speed.” Ilum Magazine, 2023. Ilum Magazine - USC, https://illumin.usc.edu/the-sr-71-blackbird-an-engineering-headache-of-supersonic-speed/. Accessed 5 January 2025.


[3] Galante, Alexandre. “Um pouco sobre Seção Reta Radar (RCS) e tecnologia ‘stealth.’” Poder Aéreo, Poder Aéreo, 1 February 2010, https://www.aereo.jor.br/2010/02/01/um-pouco-sobre-secao-reta-radar-rcs-e-tecnologia-stealth/. Accessed 6 January 2025.





1 Comment


Luiza Marques Santiago
Luiza Marques Santiago
Jan 13

Extremamente informativo e necessário!! Parabéns pela pesquisa impecável!!

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