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A Viagem que Mudou a Biologia: Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin

Ana Carolina do Nascimento

Como a ideia da seleção natural transformou nossa visão sobre a origem e a diversidade das espécies


Figura 1
Figura 1

Em 1859, após uma longa viagem pelo mundo a bordo do HMS Beagle, Charles Darwin, naturalista inglês, publicou a primeira edição de seu livro, o qual revolucionou a visão sobre as espécies existentes no planeta Terra, “A Origem das Espécies”. Nessa obra, Darwin apresentou sua teoria da seleção natural explicando como as espécies evoluem ao longo do tempo por meio da sobrevivência e reprodução dos mais aptos ao ambiente em que vivem.


Viagem a bordo do HMS Beagle


Objetivando comprovar antigas teorias e criar suas próprias, Charles embarcou em sua viagem ao redor do mundo no HMS Beagle, de 1831 a 1836. Esse navio, criado em 1820 em Woolwich na Inglaterra, era pequeno e superlotado, tendo em vista que junto de Darwin foram mais 67 tripulantes, sendo 10 oficiais, 4 aspirantes e voluntários, 38 marinheiros, 8 fuzileiros navais e 7 supranumerários.


Nessa viagem, o cientista escreveu cerca de 1750 páginas de notas e 12 catálogos, todos esses descrevendo suas 5436 amostras de peles, ossos e carcaças de animais adquiridas pelo mundo.


Algumas dessas amostras encontradas eram de mamíferos já extintos, um exemplo é o Toxodon platensis, mais conhecido como Toxodonte, um herbívoro muito parecido com o rinoceronte quando se trata de proporções corporais e tamanho. Com isso, Charles Darwin percebeu que essas espécies extintas tinham traços parecidos às atuais, o que significou para ele que há um padrão de sucessão de espécies ao longo do tempo.


Figura 2
Figura 2

Durante sua passagem pelas Ilhas de Cabo Verde, em janeiro de 1832, Darwin procurou também corroborar com as teorias de Charles Lyell, advogado e geólogo britânico que agregou em sua formação científica, sobre a teoria do uniformitarismo. Para isso, Charles percorreu um extenso caminho que possuía faixas de conchas em rochas, o que indicava a presença de mudanças geológicas, ou seja, movimento da crosta terrestre.


Em sua visita pela América do Sul a bordo do HMS Beagle, o naturalista visitou Equador (Arquipélago de Galápagos), Uruguai, Argentina, Chile, Peru e Brasil. Essa viagem proporcionou-lhe uma longa visita pela Patagônia, onde observou a distribuição de espécies por todo o território percorrido. Nesse trajeto, percebeu conexões entre as mudanças de ambientes e a sobrevivência das mesmas espécies, permitindo-lhe concluir que os animais sofreram evolução para sua adaptação ao ambiente. Além disso, Darwin fez comparações de organismos já extintos encontrados com organismos contemporâneos, o que provou sua tese de evolução de que as espécies são mutáveis.


Figura 3 - Imagem da Britannica
Figura 3 - Imagem da Britannica

Além de prover descobertas, essa viagem promoveu ao cientista uma reflexão sobre a escravidão, a qual ainda não havia sido abolida em muitos dos locais em que passou. Em seu diário ele escreveu as seguintes palavras de crítica: "Nunca vou esquecer meu sentimento de surpresa, repugnância e vergonha por ver um homem grande e forte com medo de se defender do que ele pensava ser um tapa em seu rosto. Aquele homem fora treinado para se habituar a um nível de degradação maior do que o da escravização de qualquer animal indefeso.". Também disse que nunca mais voltaria a um país que ainda fosse adepto do sistema escravista.


Teoria da Evolução das Espécies


Essa renomada teoria, tem como fundamento a seguinte ideia: indivíduos de uma mesma espécie sofrem variações entre si. O que ao longo dos anos resulta em organismos, que em alguns casos, contribuem mais para a continuidade da espécie do que outros. Um exemplo são as mudanças que já ocorreram com o ser humano e que ocorrerão.


Figura 4 - Imagem do Portal de ciência
Figura 4 - Imagem do Portal de ciência

Há cerca de 3,2 milhões de anos atrás os primeiros hominídeos chamados Australopithecus surgiram. Esses possuíam uma postura ereta, uma locomoção bípede e uma dentição primitiva. Uma das grandes descobertas feitas pelo ser humano sobre os primeiros hominídeos é o fóssil mais antigo do mundo, até então, apelidado de Lucy. Esse fóssil trouxe uma informação que antes não tínhamos, que é a possibilidade de algumas espécies de Australopithecus terem a habilidade de manuseio de ferramentas. Um exemplo é a espécie da Lucy, os A. afarensis.


Essas evidências sobre o uso das mãos são de grande relevância para os estudos. Isso porque são capazes de fornecer elementos para desvendar mistérios sobre o que motivou a evolução humana.


Como os Australopithecus não tinham características propícias para a sobrevivência, acabaram extintos. Isso levou ao surgimento de uma nova linhagem, a Homo. Essa categoria com o passar do tempo foi se dividindo de acordo com as novas habilidades adquiridas. A primeira é o homo habilis, que viveu entre 2,5 e 1,6 milhões de anos atrás na África, são um pouco mais altos e possuem um cérebro 50% maior e uma cavidade craniana menor que os Australopithecus.


A segunda linhagem é o homo erectus, esses viveram há cerca de 1,9 milhões de anos e foram os primeiros a saírem da África. Além disso, já que trabalhavam com diversos materiais, foram capazes de fabricar ferramentas de madeira, pedra, pele e osso. Suas novas características físicas eram um cérebro e uma estatura maior. Depois dessa, vieram os homo neanderthalensis que possuíam um corpo adaptado ao frio, já que viveram na Europa e no Oriente Médio. Os neandertalensis também tinham a ausência de queixo, uma testa baixa, além de possuírem uma comunicação verbal. Seu comportamento social era muito parecido com o nosso em questão de organização.


A quarta e última linhagem é o homo sapiens sapiens, ou homem moderno, possuinte de um cérebro e de um sistema nervoso mais desenvolvido. Atualmente, os seres humanos se encontram nessa linhagem. Uma grande descoberta feita no Brasil sobre essa ancestralidade foi o crânio de uma mulher, mais conhecida como Luzia, nome escolhido pelo biólogo, antropólogo e arqueólogo brasileiro Walter Neves para essa importante peça do grande quebra-cabeça da história humana. Esse crânio, datado de aproximadamente 11 mil anos, contém em seu DNA tanto traços africanos, quanto australianos, e foi essa descoberta que fez com que os cientistas comprovassem duas teorias de migração: migração pelo Estreito de Bering, na última Era do Gelo; e migração por meio da navegação no Oceano Pacífico. O que trouxe uma reflexão do quão complexo é o povoamento da América.


Mas não é nessa linhagem que as novidades param de surgir, a espécie humana ainda passará por muitas mudanças. Pensando em todas as inovações advindas das novas tecnologias, pesquisadores da empresa Toll Free Forwarding criaram um modelo de ser humano dos anos 3000: a Mindy. Esse avatar possui um crânio mais grosso, um cérebro menor, um pescoço mais largo, por conta do fortalecimento dos músculos que seguram a cabeça na posição curvada, duas pálpebras para evitar danos causados pela exposição à luz artificial, uma coluna curvada, um braço permanentemente curvo a 90° e uma “garra de texto”. Todas essas modificações em nosso corpo seriam causadas pela exposição excessiva a telas.


Figura 5 - Imagem do Metrópoles
Figura 5 - Imagem do Metrópoles

Existem diversos exemplos além do qual ocorre com o ser humano. Dentre eles, menciona-se o da girafa. Esse consiste em que ao longo de diversas gerações, alguns indivíduos nasciam com um pescoço um pouco maior que outros, resultado de mutações genéticas aleatórias que ocorreram em seu DNA. Já que em períodos de escassez de alimentos mais baixos, as girafas com pescoço mais longo tinham acesso às folhas das árvores mais altas que outras não tinham. Desta forma, gradualmente, a população de girafas foi se tornando mais adaptadas à sobrevivência no ambiente em que vivem.


Figura 6 - Imagem do Brasil Escola
Figura 6 - Imagem do Brasil Escola

A evolução da girafa é um exemplo clássico de como a seleção natural funciona moldando as espécies e “selecionando” as mais aptas à sobrevivência. Isso porque as com maior chance de sobreviver no ambiente vão se reproduzindo e passando seus genes para as próximas gerações.


Causas da Variabilidade


A variabilidade genética pode ser causada de duas formas: definida e indefinida. Darwin descreve a variabilidade definida como mudanças que acontecem em um grande grupo de indivíduos de forma previsível, em resposta a condições específicas do ambiente. Já a variabilidade indireta é descrita como mudanças individuais que são resultado de diversos fatores, essas diferenças não seguem um padrão para todos.


A teor de exemplificação, supõe-se que exista um grupo de plantas, as quais foram colocadas em um local escuro; desse modo, em teoria, todas elas tendem a crescer mais finas e em direção a luz. Isso é uma variabilidade definida, pois a maioria das plantas vão reagir dessa mesma maneira. Contudo, em uma análise detalhista, é possível observar que as folhas dessas plantas serão diferentes, tanto em questão de tamanho, quanto de forma. Essa ocorrência é um caso de variabilidade indefinida, pois não há uma regra fixa para como essa planta deve ser.


A jornada de Charles Darwin a bordo do HMS Beagle e as observações que realizou foram cruciais para o desenvolvimento da teoria que revolucionou nossa compreensão sobre a origem e a diversidade da vida na Terra. Assim como as leis de Newton revolucionaram a física, a teoria da evolução de Darwin continua a ser um pilar fundamental da ciência moderna, capaz de explicar fenômenos complexos e de fazer previsões precisas sobre o mundo natural. Com a compreensão dos processos evolutivos é possível tomar decisões mais informadas sobre questões como a conservação ambiental e o desenvolvimento de novas tecnologias. A teoria da evolução não é apenas uma explicação para o passado, mas também é uma ferramenta para entender o presente e prever o futuro.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS


Darwin, C. (2015). Sobre a Origem Das Espécies: On the Origin of Species (Portuguese Edition) (A. Ryan, Trad.). Createspace Independent Publishing Platform. Frazão, D. (2023, abril 10). Charles Darwin. eBiografia. https://www.ebiografia.com/charles_darwin/


O que é a teoria da evolução de Charles Darwin e o que inspirou suas ideias revolucionárias. (2019, novembro 22). BBC. https://www.bbc.com/portuguese/geral-50525124


Thomson, K. S. (2019). Beagle. Em Encyclopedia Britannica.

Alves, I. (2017, novembro 2). Homo Habilis: resumo e principais características. Significados. https://www.significados.com.br/homo-habilis/

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