top of page
Letícia Barbosa da Silva

A FÍSICA DENTRO DA GINÁSTICA OLÍMPICA


INTRODUÇÃO 


Na 32.ª edição dos Jogos Olímpicos de Verão, o comitê olímpico brasileiro voltou com uma inédita e merecida vitória, graças à ginasta Rebeca Andrade, que conseguiu não só tirar a nota mais alta em uma de suas apresentações, garantindo a medalha de ouro, como arrancar um “Maravilhoso!” de um dos comentaristas da rede de televisão e rádio americana NBC (National Broadcasting Company), referente ao seu desempenho. 


A atleta que iniciou sua carreira aos quatro anos, alcançou uma posição de destaque ao conquistar duas medalhas em uma mesma edição, sendo a mais importante delas, adquirida no primeiro salto realizado por ela. Na abertura de sua apresentação, a ginasta realizou um dos mais complicados movimentos, que contou com meia volta antes de a atleta tocar na mesa, e por fim, uma pirueta e meia após o contato, passos que foi visto pela primeira vez em 2008, pela campeã olímpica chinesa Cheng Fei que em homenagem a mesma, foi chamado

de “salto Cheng”. 


Mesmo se tratando de um salto de alto grau de dificuldade, assim como outros movimentos presentes na modalidade em questão, a efetiva e satisfatória realização dos movimentos não estão associadas somente a extensa realização de treinos, como praticado por Rebeca Andrade ao longo de toda a sua carreira e que resultou no espetáculo em Tóquio; mas também a conceitos físicos, sobretudo da biomecânica, uma das vertentes da Física que estuda as aplicações da mecânica no corpo humano, demonstrando a íntima relação entre a prática esportiva e a física 


MAS O QUE DE FATO É A BIOMECÂNICA? 


Ao estudar física em sala de aula, talvez não seja incomum o questionamento: “Em que de fato aplicamos isso em nossas vidas?” Sobretudo quando depara-se com alguns conceitos um tanto densos. E como resposta para essa pergunta, surge a biomecânica como a solução. A biomecânica é uma vertente da física que estuda a aplicação de conceitos físicos aos movimentos realizados pelo corpo humano, seja para a prática de simples movimentos, bem como para a realização de exercícios físicos muito complexos, similarmente aos realizados em eventos esportivos, como as que ocorreram neste ano em Paris. 


Ao observar modalidades esportivas praticadas nessas competições, como por exemplo nos Jogos Olímpicos, pode-se ver de maneira ilustrada algumas leis desenvolvidas por Isaac Newton, um dos mais importantes e famosos físicos da história humana, através de princípios relacionados ao movimento. A títulos de exemplo, olhando para um dos seus primeiros estudos, a primeira Lei que afirma que um corpo em repouso ou em movimento tende a permanecer em seu estado inicial até que uma força externa seja aplicada sobre ele, jogadores de voleibol em quadra podem ser belos representantes. 


Em uma situação de jogo, ao tentar salvar uma bola adversária, um jogador se lança em um movimento constante para salvar a bola, por exemplo, de modo que o movimento só findará quando esse atleta entrar em contato com o chão. Observa-se, portanto, a aplicação da primeira lei. As demais leis também podem ser representadas por outras modalidades, como por exemplo os velocistas para a segunda lei de Newton e atividades com remos para a terceira. 

Já para algumas modalidades, como na ginástica olímpica, conceitos um pouco mais abstratos do que as primeiras Leis formuladas por Newton, podem ser encontrados, a título de exemplo, o Momento Angular. 


AS PIRUETAS DAS GINASTAS E O MOVIMENTO ANGULAR 


Durante uma competição de ginástica, é muito comum a realização de saltos e piruetas pelos atletas, sobretudo a apresentação de provas individuais, como os saltos que levaram Rebeca Andrade ao pódio em 2020. Na realização de tais movimentos, é possível analisar que além dos diversos giros realizados, também a realização da movimentação dos braços quer seja estendidos ou junto ao corpo. A constante movimentação dos membros superiores, garante a da lei da conservação do momento angular. 


O momento angular trata da quantidade de movimento dos corpos em rotação e está intimamente relacionado com a tendência do corpo em continuar seu estado de movimento circular, ou seja, o movimento de rotação de um corpo em torno de um eixo ao longo de uma trajetória circular de raio constante. 

Segundo Bella Isaacs Thomas, repórter do site de ciências PBS NewsHour 's, quando um atleta realiza um salto, seu momento angular permanece constante ou conservado. Porém, caso o atleta busque mudar a distribuição de sua massa corporal ocorrerá uma mudança na velocidade com que ocorre a rotação de seu próprio eixo corporal. Por esse motivo, os atletas tendem a mudar a posição de seus braços, já que quanto mais afastados estiverem do seu corpo, mais lentamente giraram, e quanto mais próximo, mais rápido isso ocorra. 


Em algumas provas o uso de alguns aparelhos é obrigatório, como em salto individual o qual foi realizado pela atleta, exigem o contato com a “mesa” - um tipo de aparelho; após este contato o atleta precisa realizar movimentos giratórios em torno de si mesmo e em torno de um ponto imaginário e ao final pousar. Após o contato com o equipamento, pode-se perceber que a aproximação dos braços ao corpo a fim de ampliar a velocidade com a qual a rotação do corpo ocorre em torno de si mesmo, e o afastamento em períodos mais próximos da aterrissagem diminuindo a velocidade de rotação, garantindo condições necessárias para o pouso. Como ilustração, pode-se analisar as posições feitas pelos braços de Rebeca Andrade, na realização de um salto. 


CONCLUSÃO 


Como demonstrado anteriormente, através da associação a leis físicas e determinadas modalidades, como a primeira Lei de Newton e jogadores de voleibol, ou especialmente no caso das ginastas, em que a obtenção de giros e saltos perfeitos, está intrinsecamente ligado à compreensão e o domínio do Momento Angular. Depreende-se, que a prática de esportes, sobretudo aos realizados em competições olimpíadas, não envolvem somente habilidades com o corpo, mas também o domínio e entendimento de princípios físicos através da biomecânica. 


Associação que segundo um artigo de Patricia Weishaupt Bastos e Cristiano Rodrigues de Mattos, podem permitir uma compreensão da aplicação dos princípios da mecânica ao movimento, em particular de determinados exercícios físicos ou habilidades motoras, auxiliando não somente na melhora do desempenho dos atletas, mas também se tornando um aliado ao ensino da física. 






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] BASTOS, PATRÍCIA WEISHAUPT; MATOS, CRISTIANE RODRIGUES. ESPORTE: UM ALIADO PARA O ENSINO DE FÍSICA. Interdisciplinaridade, Complexidade, esporte, ensino de física. , ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS, ano 2009, p. 2 -12, 8 nov. 2009. Disponível em: https://axpfep1.if.usp.br/~profis/arquivos/viienpec/VII%20ENPEC%20-%202009/www.foco.f ae.ufmg.br/cd/pdfs/273.pdf. Acesso em: 21 jun. 2024. 


[2] ISAACS-THOMAS, BELLA. The not-so-hidden physics of your favorite Olympic event. Science, PBS NewsHour‘s, 5 ago. 2021. Science, p. 1. Disponível em: https://www.pbs.org/newshour/science/the-not-so-hidden-physics-of-your-favorite-olympic-e vent. Acesso em: 21 jun. 2024. 


[3] REBECA Andrade - AA VT - (Tokyo Olympics) 2021 | AMAZING CHENG. Gravação de National Broadcasting Company. Youtube: Comenta, Samu!, 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HTetArMd7PQ. Acesso em: 21 jun. 2024. 


[4] GUERRA, MARCOS. SALTANDO PARA O OURO: CONHEÇA OS SALTOS QUE REBECA ANDRADE PODE REALIZAR NA FINAL OLÍMPICA. GLOBO, [S. l.], 5 ago. 2021. INTERATIVOS GLOBO ESPORTE, p. 1. Disponível em: 


Comments


bottom of page