Na primeira semana de julho de 2023, a Terra atingiu três recordes climáticos jamais vistos. Segundo dados dos Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos Estados Unidos (NCEP), que são ligados à administração Oceânica e Atmosférica Nacional do país (NOAA), na segunda-feira (3), foi registrada uma temperatura média global de 17,01°C. Logo em seguida, na terça-feira (4), a média global de temperatura foi de 17,18°C. Apesar de esses primeiros registros ultrapassarem a maior temperatura registrada, até então em 2016, sendo de 16,92°C, a quinta-feira (6) foi o dia mais quente já registrado na Terra. A temperatura média global chegou a 17,23°C. Esta foi a semana mais quente de toda a história.
Não é novidade o fato de que o planeta está em uma situação crítica em relação ao seu clima. A atmosfera está mudando há décadas e o principal agente que impacta as mudanças climáticas é o ser humano. Desde a Revolução Industrial, cientistas alertam o mundo sobre o quão importante é debater sobre o aquecimento global, um fenômeno caracterizado pelo aumento da temperatura média global na aerosfera e nos oceanos.
Este processo ocorre principalmente pela emissão de gases do efeito estufa (GEE) que são emitidos em larga escala a partir de ações industriais (executadas pela indústria) como a queima de combustível, desmatamento, agricultura intensiva e entre outros. Os gases, entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), bloqueiam o calor emitido pelo Sol e o prendem na superfície terrestre, elevando a temperatura média da Terra.
Esse fenômeno pode levar ao aumento da intensidade, do impacto e da frequência de eventos climáticos que, em condições normais, já podem ser considerados desastrosos. Além disso, o aquecimento da Terra pode causar o derretimento de geleiras, fazendo com que o nível do mar suba, causando alagamentos e até o desaparecimento de ilhas e países inteiros como Maldivas, Tuvalu, Ilhas Marshall, Nauru e Kiribati. Há também estudos que sugerem que o aquecimento global pode amplificar o número de erupções vulcânicas devido a elevação da quantidade de água nos oceanos causada pela liquefação, a pressão sobre o solo oceânico cresce, fazendo com que as chances de erupções sejam maiores.
Sendo assim, compreende-se que o aquecimento global é o processo de intensificação da temperatura terrestre. No começo do mês de julho, em uma declaração histórica, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, anunciou ao mundo a chegada da Era da Ebulição Global. O termo é utilizado para reafirmar a importância de desacelerar a elevação da temperatura do planeta e marca o começo de uma nova fase, prevista para o ano de 2050, ocorrendo nos dias atuais.
Em contraponto, líderes mundiais continuam se opondo às medidas recomendadas pela ONU e por cientistas devido às necessidades econômicas existentes. O sistema capitalista é pautado na produção de mercadorias e além da demanda de matéria prima e mão de obra barata para haver acúmulo de capital, é fundamental que essa produção ocorra de forma acelerada. Por este motivo, os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) são a principal fonte de energia utilizada no mundo hoje. Apesar de extremamente prejudiciais para a vida, esses recursos aceleram a produção e aumentam o lucro das vendas desses produtos, condizente com os objetivos do sistema.
Ainda em 2023, a Convenção-Quadro das Nações Unidas divulgou o primeiro relatório do painel de cientistas que acompanha os efeitos de ações globais para conter o colapso climático do planeta. O painel que acompanha ações contra mudanças climáticas demonstrou que, apesar do Acordo de Paris, em 2015, ainda é imprescindível limitar o aumento da temperatura terrestre entre 1,5°C e 2,0°C indicado por cientistas para preservar o planeta e os organismos que o habitam. Segundo a Convenção, a temperatura da Terra pode aumentar em 2,6°C até o ano de 2100. Em meio a esses acontecimentos, a dúvida sobre o futuro do capitalismo diante a Era da Ebulição prevalece.
Encontre o relatório divulgado através do link: https://www.ipcc.ch/
REFERÊNCIAS:
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